Cancro
Eu sei que não é um titulo bonito. Ou melhor, não é uma palavra bonita. Mas por algum motivo, a palavra nunca me assustou. A palavra pesa sim mas não passa disso, é uma palavra, não é o nome que assusta, é o seu significado. Desde pequena que cresci com esta palavra no meu seio familiar. Cancro, quimioterapia, radioterapia. Eram termos ditos no meu dia-a-dia, infelizmente.
Hoje, com vinte e dois anos, falo do cancro como se me fosse meu conhecido. O cancro (e desculpem o palavreado) é um grande filho da mãe. O cancro roubou-me uma das pessoas mais importantes da minha vida. E como se não bastasse ainda veio tentar tirar-me outra. Tentar.
Hoje em dia, quando alguém partilha comigo que determinada pessoa está com cancro eu não sei como reagir. Ou melhor, a minha reacção já é natural. "Cancro? Onde? Está no inicio? Consegue fazer tratamentos?"
Eu não sei muito, sei apenas aquilo que vi enquanto cresci. E vi os dois lados da moeda. Vi o final feliz e vi o final triste.
Mas acima de tudo, vi luta. vi suor e lágrimas. vi determinação. Vi a luta em pessoa. Neste caso, em duas das pessoas mais importantes da minha vida.
Não é o cancro que assusta, é saber que depois dele pode ficar um grande vazio.